Brasília, 29 de outubro de 2025.

Impacto a partir dos artigos mais citados (índice h); índice h ajustado para coautoria; citações recebidas em diferentes posições de autoria e ainda um “indicador composto” estão entre as informações padronizadas pela base de dados Scopus para avaliar o impacto dos pesquisadores ao longo da carreira e (desde o ano passado) em um único ano. Assim, anualmente, a Universidade de Stanford (EUA) divulga o ranking dos 2% mais influentes pesquisadores do mundo em 22 áreas científicas e 174 subáreas.

Na lista divulgada recentemente no site da editora Elsevier, referente a 2024, há 25 cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), incluindo dois pesquisadores já falecidos: eng. agr. Johanna Döbereiner, em 2000, e eng. agr. Flávio Moscardi, em 2012, e cinco novos cientistas:  eng. agr. Marcos Deon Vilela; zoo. agric. Daniel Sosa Gomez; eng. agr. Marcos Rodrigues de Faria, eng. agr. Jurandir Vieira de Magalhães e eng. agr. Gabriel Mascarin.

Da lista, consta um total de 1.461 pesquisadores que atuam ou atuaram no país, 287 deles, ligados à Universidade de São Paulo (USP); 106, à Universidade de Campinas (Unicamp); 80 à Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp); 61 à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); 57, à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); 35 ligados à Fiocruz;  32 à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); 30 à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); 20, à Universidade Federal da Paraíba (UFPB);  entre outros espaços acadêmicos e científicos. O diretor executivo do Parque tecnológico da UFRJ, eng. civ. Romildo Dias Toledo Filho, integra a relação pelo sexto ano consecutivo.

Na relação da Embrapa, os engenheiros agrônomos são a maioria, mas há representantes de outras áreas, quase todos da Engenharia. Entre os mais respeitados pesquisadores da Agronomia, destacamos a pesquisadora Mariangela Hungria (Embrapa Soja), que recebeu nesta quinta-feira (23/10), o “Prêmio Nobel da Agricultura”, como é conhecido o Prêmio Mundial de Alimentação (World Food Prize – WFP). A engenheira agrônoma havia sido homenageada no ano passado pela Láurea ao Mérito do Sistema Confea/Crea e Mútua. 

A lista traz pela terceira vez consecutiva o eng. agr. Sérgio Tonetto de Freitas (Embrapa Semiárido – confira entrevista abaixo). Destaque também para os quatro mais citados, a engenheira de alimentos Rosires Deliza e os engenheiros agrônomos Flávio Moscardi; eng. agron. Jurandir Vieira de Magalhães (apesar de apenas este ano constar na listagem final) e eng. agron. Johanna Döbereiner. Confira toda a lista a seguir.

25 pesquisadores da Embrapa entre os mais citados do mundo
 

Segundo matéria publicada no site da Embrapa, “a presença crescente de pesquisadores da Embrapa nesse ranking internacional reforça a relevância da ciência agropecuária brasileira e o papel estratégico da Empresa no desenvolvimento de soluções sustentáveis para a agricultura, a pecuária e a floresta. O reconhecimento global contribui para valorizar a produção científica nacional e evidencia como a pesquisa realizada pela Embrapa dialoga com os grandes desafios da ciência mundial, incluindo o combate às mudanças climáticas, inclusão socio-produtiva, segurança alimentar, transições energética e nutricional, entre outros temas estratégicos”.
 

Graduado e mestre em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), com doutorado em Biologia de Plantas e pós-doutorado em Ciência de Plantas pela Universidade da Califórnia, EUA, o engenheiro agrônomo Sérgio Tonetto de Freitas é especialista em Fisiologia Vegetal, Nutrição de Plantas, Biologia Molecular e Fisiologia e Tecnologia Pós-colheita. Pesquisador do Núcleo Temático de Agricultura Irrigada e da área de Fisiologia Pós-colheita Embrapa Semiárido, ele estuda a fisiologia pós-colheita de frutas e hortaliças, com principais focos no desenvolvimento de métodos não destrutivos para monitorar a maturação de colheita e qualidade, bem como métodos para conservar a qualidade e reduzir a incidência de desordens fisiológicas em frutas. Tonetto também é professor do Programa de Pós-Graduação em Agronomia nas Universidades Federal do Vale do São Francisco e do Estado da Bahia e professor colaborador no Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Pós-colheita de Produtos Hortifrutícolas do Instituto Federal - Sertão Pernambucano. Também foi professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Sergipe no período de 2015 a 2025. Confira a entrevista.

Confea - O senhor está pela terceira vez consecutiva entre as principais referências científicas do mundo. O que representa essa condição?

Eng. agr. Sérgio Tonetto de Freitas - Essa conquista representa o reconhecimento das pesquisas desenvolvidas, confirmando nosso compromisso em buscar soluções para desafios de grande relevância na agricultura regional, nacional e mundial. É motivo de imenso orgulho representar a Embrapa nessa lista de pesquisadores mais influentes do mundo, o que evidencia nossa capacidade de contribuir de forma significativa para o avanço do conhecimento técnico e científico, mesmo diante de restrições orçamentárias mais severas em comparação com outros países.

Confea - Em atuação no Nordeste, apenas o senhor está nesse ranking. Isso torna a sua participação reiterada nesse ranking ainda mais expressiva?

Eng. agr. Sérgio Tonetto de Freitas - Independentemente da região, considero extremamente relevante figurar neste ranking por anos consecutivos. Permaneço na expectativa de que, nos próximos anos, mais colegas brasileiros passem a integrar essa lista, pois estou certo de que muitos já contribuem de forma expressiva para o desenvolvimento do nosso país.

Confea - O que o fez optar pela Embrapa Semiárido para estudar fisiologia e a conservação de frutas e hortaliças no pós-colheita e qual o significado de atuar ao lado de outros profissionais das engenharias para desenvolver a pesquisa no Nordeste?

Eng. agr. Sérgio Tonetto de Freitas - A Embrapa Semiárido foi a instituição que me proporcionou a oportunidade de iniciar minha trajetória profissional como pesquisador, pela qual sou profundamente grato. Espero poder retribuir essa oportunidade à Embrapa e à sociedade, atuando como um profissional comprometido com o desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas para os desafios da nossa agricultura.

Confea - O senhor também é professor. Como o senhor percebe os dados que apontam a dificuldade de renovação do interesse pelas engenharias no país, além da “fuga de talentos” e também a atuação do sistema profissional, em benefício dos profissionais e dos futuros profissionais?

Eng. agr. Sérgio Tonetto de Freitas - Acredito que profissionais altamente qualificados são fundamentais em todas as áreas do conhecimento para o desenvolvimento sustentável de um país. A escassez desses profissionais, aliada à “fuga de talentos”, representa um prejuízo significativo para a sociedade brasileira, pois retarda o desenvolvimento, bem como a melhoria da qualidade de vida da população.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
Com fotos e colaborações das assessorias de comunicação da Embrapa e da Embrapa Semiárido